Quando soube da possibilidade de poder praticar o homeschooling com o meu filho autista (nível 1), não foi muito difícil me convecer de que era a melhor escolha para ele. Apesar de ter sido escolarizado na Espanha (onde supostamente é um país desenvolvido), infelizmente ele não se livrou de ser alvo de bullyng. Sofreu todo tipo de humilhação, até chegar à violência; quando finalmente lhe empurram de uma certa altura e terminou com a mão direita machucada. Nesse mesmo ano fomos para o Brasil e fomos surpreendidos pela ”situação sanitária mundial” e foi justamente nesse período em que muitas famílias se despertaram para a real situação educacional em que os seus filhos se encontrava; inclusive nós. Por meio de uma indicação, iniciei uma consultoria, onde me foi apresentado o universo homeschooling e como era possível desenvolver esse trabalho como o meu filho mesmo ele sendo autista. Não duvidei por um segundo que esse método era o que o meu filho precisava e começamos imediatamente com o primeiro passo; a desescolarização.
Como era o Rhian antes do homeschooling?
Rhian sempre foi muito sociável apesar de suas limitações de interação, mas o que sempre foi uma questão; é a parte cognitiva. Relatar uma situação ou interpretar exercícios simples é algo que já faz parte de sua condição, mas Rhian passou sete anos no colégio e só sabia ler porque durante um ano, ele teve uma professora que realmente se interessou pelo seu caso e juntas trabalhamos para a sua alfabetização. A partir daí, eu passei a ser muito mais intencional nesse quesito mas ainda com a mentalidade escolarizada. Mas infelizmente, durante os demais anos, as professoras faziam questão de me deixar claro que não tinham tempo para ele, inclusive uma o classificou como ”vago”(que em português significa vagabundo), palavra forte para uma criança de 8 anos. Portanto, durante esse período, ele foi realmente negligenciado intelectualmente. Quando iniciei o homeschooling, Rhian havia acabado de completar 10 anos e reiniciamos tudo praticamente desde zero.
Como está o Rhian agora?
Após 5 anos, podemos dizer com todas as letras que não estamos arrependidos. O Senhor foi muito generoso em nos proporcionar os meios necessários para que a nossa família pudesse dar a atenção integral que o nosso filho necessita. O desenvolvimento que ele adquiriu ao longo dos últimos anos é extraordinário, com certeza não há uma comparação. Hoje, ele é um jovem seguro, inteligente e muito capaz. Pratica o futebol, socializa, faz parte do grupo jovem da igreja, colabora em casa e está totalmente integrado em seus ambientes de convivência. O fato de vivermos fora do Brasil, em um lugar onde a segurança é algo muito importante, nos dá a confiança necessária para dar passos contundentes em relação à sua autonomia. O homeschooling nos trouxe flexibilidade e oportunidades para aproveitar momentos em que transformamos em aula, de maneira prática e efetiva. Sem falar em todas as colheitas que tivemos, pelo simples fato de dizer sim a esse chamado.
O homeschooling como um chamado
Sei que parece um mundo perfeito onde tudo é brilhante e me desculpe se com o meu relato passei essa impressão. Cinco anos de homeschooling com um autista não foi e não é uma tarefa fácil, pois cada etapa têm o seu próprio desafio, sem falar na situação regulamentária que é semelhante a do Brasil. Com isso quero dizer que, não tivemos direito aos apoios terapêuticos e por isso foi necessário custear de maneira privada, se fazendo necessária renúncias e sacrifícios. Momento certo para sair de casa durante o dia, já que os horários da educação obligatória acontece durante o período matutino, e as vezes contar com as desconfiaças e incompreensão de alguns conhecidos. Mas nunca chegou a ser um motivo para recuar, muito pelo contrário; a medida que obsevamos as evoluções, mais a nossa confiança no Senhor aumentava junto com a certeza de termos feito a melhor escolha.
Sim, acredito que o Homeschool seja um chamado que não pode ser ignorado quando compreendemos como cristãos que vem de parte do Senhor. E essa é a razão que nos dá forças para continuar; cumprir a vontade Dele para às nossas vidas.
Mas essa é a nossa história, pessoal e intransferível. Não acho que quem envia os seus filhos para à escola esteja cometendo um erro, também entendo a real situação do Brasil em relação a economia e que querer praticar o homeschooling nem sempre significará poder; mas é possível educar de maneira intencional e para a glória de Deus; pois é uma obrigação de todos que se colocaram na posição de pais.
Em 1 Coríntios 10:31 diz: ”Portanto, quer comais quer bebais ou quer façais qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”
Toda a nossa vida deve ser para a glória de Deus, e não é uma tarefa fácil; mas sim um posicionamento necessário para aqueles que como nós, nos declaramos como seguidores de Cristo. Não existe nenhum pingo de arrependimento em relação à forma que escolhemos para educar o nosso filho, mesmo enfrentando momentos em que pensamos que não daremos conta. Mas rapidamente tratamos de nos lembrar os motivos e objetivos, recuperamos o fôlego e continuamos com a caminhada que agora se encontra em uma etapa desafiadora; a etapa dos hormônios, mas esse é um assunto para outro post.
Deus te abençoe!